O
LIVRO DE SALMOS
I. O QUE É O LIVRO DE
SALMOS?
É
uma coletânea de 150 cânticos ou poemas espirituais,
muitos dos quais foram compostos para adoração, por
meio da música no Tabernáculo e no templo. Eles
revelam a atitude da alma na presença de Deus, quando
contempla a história vivida, a experiência presente e
a esperança profética. Cada Salmo é a
expressão dum consciencioso autoexame da alma frente a seu
Deus, sentido e conhecido profundamente.
TEMA
O
livro dos salmos é uma coleção de poesia
hebraica inspirada, mostrando a adoração e
descrevendo as experiências espirituais do povo judaico. É
a parte mais íntima do Antigo Testamento, dando-nos uma
revelação do coração do judeu santo, e
percorrendo todas as escalas de suas experiências com Deus e
a humanidade.
Nos
livros históricos vemos Deus falando acerca
do homem,
descrevendo seus fracassos e seus êxitos; nos livros
proféticos vemos Deus falando ao
homem, admoestando
os ímpios e consolando os justos à luz do futuro.
Mas nos SALMOS
vemos o homem falando a Deus, descobrindo o seu coração
em oração e elogio e falando acerca de Deus,
descrevendo e exaltando-O pela manifestação de seus
gloriosos atributos.
CARACTERÍSTICAS
LITERÁRIAS DOS SALMOS
A.POEMAS LÍRICOS
Os
salmos não são apenas poemas, mas compilações
líricas. Um trabalho dessa natureza pode ser definido como
“um pequeno poema para ser cantado, expressando pensamentos e
principalmente os sentimentos do escritor”. A poesia lírica
tem quatro características notáveis:
1.
É
musical,
feita para ser cantada com acompanhamento de instrumentos de
corda;
2.
É
subjetiva ou pessoal,
expressando os próprios sentimentos da pessoa que fala. Do
mesmo modo que o profeta proclama a palavra de Deus, o salmista
expressa os pensamentos e sentimentos do homem para com o criador.
3.
Enfatiza
as emoções como um dos traços identificadores
mais importantes.
Para retratar intensas emoções usa figuras como
hipérbole ou outras palavras e expressões emotivas.
Seu objetivo principal não é contar história
ou mesmo expor doutrina, mas dar expressão ao lado
emocional da religião.
4.
A
poesia lírica também é breve.
Uma vez que as emoções não podem ser
prolongadas numa alta intensidade, os salmos têm de ser
breves. As emoções expressas são mantidas o
tempo suficiente para chegar ao clímax e contornar o tema
unificador. O salmo 119 é comprido, mas a sua ênfase
está em completar o ciclo através de todo o alfabeto
hebraico.
B.PARALELISMO
É
a técnica poética básica da poesia hebraica,
e tem de ser reconhecida para o livro de salmos ser bem entendido.
Interpretar poesia como prosa e deixar de reconhecer adequadamente
essa técnica hebraica, ou deturpará as ideias
paralelas, ou fará com que pareçam ridículas.
Tipos de Paralelismo
Hebraico:
Muitos
tipos são usados. Os mais importantes são: sinônimo,
antitético e sintético.
1.
Sinônimo
– A segunda linha repete ou reproduz a primeira em palavras
semelhantes. Ex.: Sl 19.1:
“Os
céus
proclamam a glória de Deus e o firmamento
anuncia as obras de suas mãos.”
2.
Antitético
–
A segunda linha expressa ideia oposta à da primeira,
fazendo contraste. Ex.: Sl 1.6:
“Pois
o Senhor conhece o
caminho dos justos,
mas o
caminho dos ímpios
perecerá.”
3.
Sintético
– A segunda linha completa ou amplifica a primeira. Ex.: Sl
19.7:
“A
lei do Senhor é perfeita e restaura a alma;
o
testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos
símplices.”
IMAGENS
OU FIGURAS
Do
mesmo modo que a prosa é assinalada por descrições
literais, a poesia usa representações figurativas. A
maioria dos salmos emprega essas figuras em que dois níveis
de significado ou de vida estão relacionados. O salmo 1,
por exemplo, descreve as delícias de um viver piedoso pela
simpless imagem de uma árvore plantada junto a corrente de
águas. O salmista tece dois ou mais níveis de
significado para descrever com intensidade as verdades que estão
sendo declaradas. As seguintes figuras dos salmos são as
mais conhecidas:
1.
Símile
– Esta figura faz uma comparação explícita
por semelhança em um ou mais pontos. É uma
comparação formal e usa a palavra “como”. Salmo
1.3: “Ele é como
a árvore...”
2.
Metáfora
– Compara por representação, declarando uma coisa
para ser outra, uma comparação implícita, com
uma certa afirmação (sem a palavra formal “como”).
Sl 23.1: “O Senhor é
o meu pastor...”
3.
Alegoria
– É a figura de metáforas que se estendem ao redor
de um tema central. Sl 80.8: ”Trouxeste uma videira do Egito”.
Aqui Israel é descrito como “uma videira do Egito”.
4.
Metonímia
– Substitui uma palavra por outra, estabelecendo uma relação
entre as duas. Sl 73.9:”A sua língua
(palavra) percorre
a terra...”
5.
Hipérbole
– É um exagero, empregado para dar maior ênfase. Sl
6.6: “Todas as noites faço nadar
o meu leito”.
6.
Personificação
– Fala de objetos inanimados ou ideias abstratas como se fossem
seres vivos. Sl 35.10: “Todos os
meus ossos dirão:
- Senhor, quem Contigo se assemelha?” e Sl 114.5 – 7: “Que
tens ó mar,
que assim foges?...”
7.
Antropomorfismo – Atribui a Deus características humanas.
Sl 10.12: “Levanta-te,
Senhor! Ó Deus, ergue
a tua mão!”
8.
Antropopatia
– Atribui a Deus paixões e sentimentos humanos. Sl 6.1:
“Senhor, não me repreendas na tua ira,
nem me castigues
no teu furor.”
AUTORES
Muitos
dos salmos são anônimos e a autoria de alguns está
em dúvida. Os autores geralmente reconhecidos são os
seguintes:
Davi,
é considerado como autor dos 71 salmos que levam o seu
nome.
Asafe,
o diretor do serviço do coro do templo no tempo de Davi,
que também é um profeta (ICr 6.39;IICr 29.30).
Salomão,
rei de Israel.
Moisés,
o chefe e legislador de Israel.
Emã,
um cantor e profeta do rei (ICr 6.33; 15..19; 25.5,6).
Esdras,
um escriba que ensinava a lei aos judeus depois do cativeiro.
Etã,
um cantor (Icr15.19).
Ezequias,
rei de Judá.
Os
filhos de Coré
dirigentes da adoração em Israel.
Jedutum,
cantor-mor no Tabernáculo (ICr 25.10).
DIVISÃO DOS SALMOS
1º
Salmos de Instrução – sobre
o caráter dos homens bons e maus, sua felicidade e sua
miséria (Sl 1); sobre a excelência da Lei Divina (19
e 119); sobre a futilidade da vida humana (90); deveres dos que
governam (82); humildade (131). 2º
Salmos de louvor e adoração –
Reconhecimento da bondade e do cuidado de Deus (23 e 103);
reconhecimento de Seu poder e de sua Glória (8, 24, 136,
148). 3º
Salmos de ações de graça
– Pelas misericórdias para com os indivíduos (18,
34); Pelas misericórdias para com os israelitas em geral
(81, 85). 4º
Salmos Devocionais
– Os sete salmos de arrependimento (6, 32, 38, 51, 102, 130 e
143); expressivos de confiança sob a aflição
(3 e 27); expressivos de extrema aflição, mesmo
assim não sem esperança (13, 77); orações
em tempo de aflição severa (4, 28 e 120); orações
quando privado do culto público (42); orações
em tempo de aflição e perseguição
(44); orações de intercessão (20 e 67). 5º
Salmos Messiânicos
– 2, 16, 22, 40, 45, 72, 110 e 118. 6º
Salmos Históricos
– 78, 105 e 106.
TERMOS
POÉTICOS: SALTÉRIO
– Era o instrumento de cordas, com que se acompanhavam os
cânticos dos hinos e salmos, e, por isso, chamar -se
“saltério” ao livro que é o mais rico
repositório da música inspirada de Israel. SELÁ
– Esta expressão hebraica “selah”, quer dizer pausa,
o intervalo que, na música, sustenta ou interrompe
determinadas notas, uma espécie de entreato musical.
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